Lugar de estresse é no papel

Publicado em Andei Pensando..., Educação, Cotidiano, Relacionamento e Psicologia.


Lugar de estresse é no papel

Se tivéssemos que escolher uma expressão capaz de sintetizar um dos sentimentos mais comuns de nossos dias, minha candidata seria a famosa: -“Tô estressado...”

A angústia, a falta de tempo e a correria são algumas das citações que costumeiramente são externadas, sem que as pessoas se preocupem com o significado real daquilo que estão dizendo.O volume de variáveis a nos incomodar é tão grande que muitas vezes chega a ocorrer uma séria confusão entre o que é real, fictício ou mero resultado de opiniões externas que, na maioria das vezes, nada tem a ver com nossos próprios e já suficientes problemas.

O “estar estressado” é estar tão sobrecarregado de informações, inclusive das desnecessárias, que passamos a ter dificuldade em discernir prioridades e metas. Tudo parece importante e urgente.Diante dessas condições tão adversas precisamos velozmente contar com o auxílio de uma ferramenta que nos permita facilitar a avaliação e a busca das soluções mais criteriosas para cada um dos problemas que nos apavoram. A essa ferramenta podemos dar o nome de “bom senso” e, com ela, mesmo diante das maiores tempestades, somos capazes de avistar uma fresta de céu azul que está por vir ou um abrigo minimamente seguro.

O problema é que para funcionar adequadamente, essa nossa ferramenta essencial precisa ter condições de vislumbrar o quadro como um todo, o que muitas vezes é impossível diante dos barulhos que insistem em nos atormentar quando estamos na tal condição de “estressados”. Assim sendo recomendo a prática da descarga dessas tormentas numa boa, lisa e límpida folha de papel. Papel sulfite, folha de caderno ou papel jornal (já que o papel de pão anda em desuso) são algumas das versões mais comuns desse equipamento, mas para quem prefere as tecnologias atuais, uma “folha do Word” também cai bem.Pode até parecer bobagem ou simplismo o que estou dizendo, mas é a mais séria verdade.

Quando temos a possibilidade de ver estampado em nossa frente, o conjunto de dificuldades sociais, profissionais, financeiras, éticas e afetivas, distribuído pelos espaços de uma folha, podemos desenvolver critérios para a divisão dos mesmos em: “passíveis de ser resolvidos por mim”, “carentes de solução em grupo” ou até mesmo “simplesmente não nossas”, por mais que nos consideremos responsáveis por tudo.Viver em um mundo de excessiva informação e acreditar na obrigação de estar “antenado” a todas elas é um grande e perigoso engano, pois as informações existem para nos servir de referência e não para nos tornar escravos do “ter que tudo entender”.Quando descarrego minhas dúvidas e tormentos em uma folha de papel deixo de ter a obrigação de estar o tempo todo pensando em tudo, e passo a ter a oportunidade de trabalhar cada ideia de uma vez.

Cada ideia em seu tempo. Entenda que isso não é uma técnica terapêutica, exotérica ou algo parecido, mas simplesmente a busca, dentro do possível, da retomada dos problemas para nossas próprias mãos.Somente quando observamos cada problema de uma vez, somos capazes de tomar decisões com menor margem de erro. Com certeza você deve estar achando tudo muito comum e óbvio, mas a grande novidade de nossos tempos está justamente na retomada do simples.

Nossos bisavós exercitavam bem essas atitudes e dormiam muito mais tranquilos, enquanto grande parte dos homens modernos só descansa depois de se entupirem de medicamentos ou fartas doses de álcool. Nesse aspecto, que geração você considera mais acertada?Nesse mundo de tanta correria, dar um passo de cada vez e principalmente prestar atenção em cada um deles, é sinal inequívoco de sabedoria e exclusivamente a eles (aqueles que não são preocupados em provar essa condição) fica reservada a paz de espírito. 

Lembre-se do texto de Mateus 6:34 que diz “não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.”



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